sexta-feira, 21 de junho de 2019

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História Da Filosofia Medieval: A Relação 

Entre Razão E Fé No Período Medieval

Por Teresinha Menezes
INTRODUÇÃO
Para podermos distinguir a relação entre razão e fé no período medieval, precisamos antes buscar o conceito de razão e fé, e analisarmos o período medieval. Iniciaremos, definindo o que é razão e o que é fé:
RAZÃO: Faculdade de julgar que caracteriza o ser humano. “A capacidade de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é o que propriamente se denomina o bom senso ou razão, é naturalmente igual em todos os homens.”(Descartes, Discurso do Método,I)[2]
Embasados nas definições que encontramos quanto ao significado da razão e da fé, podemos notar a autonomia de cada uma. Enquanto a razão utiliza-se da lógica, da capacidade do ser humano de avaliar e dar seu parecer, fundamentada em comprovações científicas, a fé utiliza-se em acreditar ou não em algo, que do ponto de vista da fé, a ciência não pode comprovar, embora tente.
DESENVOLVIMENTO
Durante a Idade Média, estiveram em conflito a razão e a fé, diante do
progresso da Igreja Católica,
influenciando as atitudes humanas. Vejamos algumas discordâncias
entre certos historiadores:
Parisi, Cotrin relata a estagnação intelectual desse período:
“ As idéias religiosas da Idade Média se baseavam em uma série de dogmas
ditados pela Igreja. Esses dogmas
eram tidos como “verdades” incontestáveis, porém as afirmações neles contidas
nem sempre correspondiam à
realidade dos fatos. Entretanto, todos aqueles que ousasse opor alguma
resistência aos dogmas era submetido a severas punições por parte das
autoridades religiosas”.[4]
Carlos Nascimento discorda que houve uma estagnação intelectual nesse
período, declarando:
“ ( ...) é bom desfazermo-nos de certos preconceitos mais ou menos difundidos
 acerca da Idade Média como um
período de trevas e estagnação intelectual, em que o pensamento, cercado
por toda espécie de entraves, entre os
quais a religião, não logrou mais do que uma repetição empobrecida de algumas
 concepções da filosofia grega e
principalmente de Aristóteles”. [6]
Percebemos que Santo Agostinho utilizou-se do pensamento filosófico,
fundamentado nos ensinamentos de Platão
para fazer prevalecer a fé. Em sua célebre fórmula: “Creio para que possa
entender”, está nítido o dogma religioso.
Ora, isso não é filosofar, pois a filosofia se utiliza da razão como método,
isto é, o caminho para chegar a compreensão
da verdade. Vimos também ser esta uma capacidade “natural” de todos os
homens. Ao contrário, pela fé, o crente, chega
a verdade, isto é, Deus, “a partir de uma testemunha sobrenatural”.
Vemos assim, o que diferencia a filosofia da teologia, a saber: para a filosofia,
a capacidade de conhecer a verdade é
natural, implícita, inerente a todos os homens; enquanto que na teologia,
esta capacidade é adquirida por mérito, através
do cumprimento dos dogmas religiosos, sendo este o método, o caminho,
e à partir daí, quer dizer, a fé, através da
verdade é revelada pela graça de Deus.
A estagnação da Idade Medieval tem sua continuação num período
posterior com Santo Tomás de Aquino (1227-1274),
que embasado na filosofia de Aristóteles, utiliza-se desta para unir a
fé e a razão. Buscou harmonizar os textos de
Aristóteles com as escrituras, refutando o conflito entre ambas,
conforme a citação de Carlos Nascimento a seguir:
“Possui com eixo de sua filosofia a relação entre razão e fé, que
para ele, não estão em conflito, desde que se entenda
que a inteligência humana, independente na busca de verdades
filosóficas acerca do mundo sensível e do mundo
 inteligível, não poderá nunca infirmar uma verdade da fé, que
por definição excede o poder da razão”.
[2] JAPIASSÚ,Hilton, MARCONDES, Dnilo. Dicionário Básico de
Filosofia, 4º ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006,
p. 104
[4] PARISI, Mário, COTRIM, Gilberto, TDF Trabalho Dirigido de 
Filosofia, 5º ed. São Paulo, Saraiva, 1981, p.136
[6] JAPIASSÚ, Hilton, MARCONDES, Danilo, Dicionário Básico 
de Filosofia, 4º ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006, p. 4
[7] OLIVEIRA, Armando Mora de, NASCIMENTO, Carlos Arthur
Ribeiro do, SILVA, Franklin Leopoldo E, WATANABE, Lygia Araujo,
CHAUI, Marilena. Aspectos da História da Filosofia. 10º ed. São Paulo,
Brasiliense, 1992, 151 p.

Sobre o Autor

Teresinha Menezes
Teresinha Menezes
Professora Titular de dois Cargos Efetivos em
Escolas Estaduais. Graduada em
Pedagogia (UNICID), Graduada em Filosofia
(Claretiano), Pós graduação no curso
Ensino de História e Geografia (Claretiano).
Natural de São Paulo, Capital.

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